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O que é "Phubbing"?
O que é "Phubbing"?

O QUE É “PHUBBING”, PRÁTICA QUE EVIDENCIA COMO A TECNOLOGIA PODE DISTANCIAR CASAIS?

Celular pode se tornar uma terceira presença e causar problemas no relacionamento

 

Enquanto um tenta conversar, o outro desliza o dedo pela tela, imerso nas notificações ou nas postagens das redes sociais. O comportamento — chamado de phubbing, que significa ignorar alguém por causa do celular — não é um problema exclusivo de relacionamentos amorosos, mas virou uma queixa crescente entre os casais e um alerta sobre como a tecnologia em excesso pode desgastar a vida a dois.

 

O termo é a junção das palavras phone (telefone, em inglês) e snubbing (esnobar). A prática pode se tornar um problema quando o celular começa a ocupar o espaço da atenção que deveria ser dedicada ao outro, alerta Carolina Abianna, psicóloga especialista em terapia de casais e famílias. Ela pontua que não é difícil notar quando os sinais começam a aparecer:

— Por exemplo, no tempo de lazer a dois, supomos que eu gostaria de assistir a um filme importante para mim e, nesse momento, se o meu parceiro está olhando o celular, já é um sinal de alerta de que talvez esse uso esteja excessivo. Ou se vamos jantar juntos, estamos em família tomando um chimarrão na praça, e eu estou mexendo no celular o tempo inteiro, pode ser um indicativo de que algo não vai bem.

 

Embora o phubbing possa despertar desconfiança, não é sinônimo de traição. O comportamento pode estar ligado ao uso excessivo das redes sociais, que se tornaram um vício silencioso cada vez mais presente. Também pode refletir um relacionamento que já enfrenta algum tipo de desgaste, em que o celular serve como refúgio para evitar conversas difíceis, o convívio ou até o desconforto de uma distância emocional.

 

Carolina cita ainda que a atitude pode ser utilizada como punição. Como quando uma das pessoas da relação está incomodada com a outra e, para causar uma mágoa ou para comunicar que tem algo errado sem utilizar palavras, opta por passar mais tempo no celular e negligenciar o parceiro.

— Nem sempre a justificativa vai amenizar o impacto negativo da ação no relacionamento. Às vezes, é por causa do trabalho. A pessoa é plantonista ou está de sobreaviso, e passa mais tempo no celular. É compreensível, mas, mesmo com os motivos colocados de forma clara, pode gerar um desconforto. É importante entender os nossos limites e os limites de quem nos ama — acrescenta.

 

Quais os prejuízos do “phubbing” para os casais?

O hábito gera preocupação porque rompe, de forma sutil, a base da convivência a dois: a atenção. Quando um dos parceiros se sente constantemente ignorado em favor do celular, pode crescer a sensação de rejeição e diminuir a qualidade da conexão, explica a psicóloga.

— Não é só quem está sendo vítima do phubbing que está perdendo. Ambos perdem. A relação só é saudável quando funciona em benefício de ambos. Então, além dessa desconexão emocional entre o casal, esse hábito pode causar o acúmulo de mágoas, um afastamento desse casal, a perda da intimidade e de memórias positivas. A perda de situações que fazem o casal se sentir importante um para o outro. É nocivo em vários aspectos — complementa a especialista.

 

No consultório, Carolina relata que já é comum ouvir os casais reclamarem que o celular se tornou uma terceira presença na relação. Ela defende que, para mensurar as perdas que o casal pode ter com esse hábito, é necessário entender o contexto e as possíveis causas para o comportamento.

 

Como reconectar o que o celular desconectou?

Fortalecer a conexão depois de períodos marcados pelo phubbing pode exigir mais do que apenas deixar o celular de lado. É preciso resgatar o hábito de estar presente, olhar nos olhos e dar espaço para conversas sem distrações.

Para começar, Carolina sugere que o casal reserve um momento para ter um diálogo sincero sobre o que esse comportamento causa em cada um e entender as possíveis justificativas:

— Para diminuir o peso desse problema na relação, é legal quando o casal consegue entender o que o outro está sinalizando. Estamos falando de necessidades emocionais que esperamos que sejam atendidas na relação. Então, é importante falar sobre isso sem ser no meio de uma briga e com calma. E aí, apostar em combinados entre a dupla.

 

Ela sugere que o casal estipule horários ou momentos do dia para não mexer no celular e aproveitar a companhia um do outro. Por exemplo, na hora do jantar, ou antes de dormir. Estabelecer alguns minutos por dia ou por semana para conversar sobre como cada um está percebendo a relação e a evolução dessas tentativas também pode ser benéfico.

 

Pequenas mudanças de rotina, como perguntar sobre o dia do outro sem o telefone por perto ou assistir juntos a um filme sem rolar o feed, ajudam a reconstruir a intimidade e a confiança, elementos que podem se perder quando o digital toma o lugar da presença real.

 

Fonte: Zero Hora/Revista Donna/Yasmin Girardi em 24/10/2025