
SUPLEMENTOS PARA AUMENTAR A LIBIDO FUNCIONAM? ENTENDA O QUE ESTÁ POR TRÁS DESSAS "PÍLULAS MILAGROSAS"
Populares na internet, produtos podem trazer riscos à saúde se usados sem prescrição médica
Suplementos que prometem aumentar a libido ganham força nas redes sociais, impulsionados pela divulgação de celebridades que garantem sentir mais desejo e disposição. Por trás das promessas presentes nos frascos, contudo, especialistas alertam que essa queixa raramente tem uma causa única e que a busca por fórmulas mágicas pode mascarar questões que merecem ser investigadas com profundidade.
Muitos desses suplementos, considerados naturais ou fitoterápicos, reúnem compostos como maca peruana, ginseng, tribulus terrestris, cafeína e aminoácidos que prometem estimular a energia e circulação. Geralmente, são feitos a partir de extratos vegetais, vitaminas e minerais combinados para potencializar os resultados prometidos. A maioria desses produtos é destinada às mulheres.
— Seria muita pretensão da nossa parte achar que uma pílula seria capaz de resolver esse problema que é tão complexo (a baixa libido em mulheres). Vivemos em um contexto em que estamos com cada vez mais demanda por performance e busca por respostas rápidas que, muitas vezes, faz com que acreditemos nessas pílulas milagrosas — avalia Daniela Dotto, ginecologista.
O uso dessas substâncias divide opiniões médicas. Por um lado, Daniela defende que podem ser perigosas, já que a queda de libido, especialmente em mulheres, costuma ter múltiplas causas e não há comprovação científica consistente de que essas fórmulas realmente funcionem.
Por outro, Luciara Batista, ginecologista pós-graduada em nutrologia, acredita que os suplementos podem apresentar resultados positivos para algumas mulheres, quando prescritos por especialistas após uma análise minuciosa da condição de cada paciente:
— A libido é multifatorial, depende de hormônios, bem-estar emocional, sono de qualidade, gerenciamento de estresse e da qualidade do relacionamento amoroso. Não adianta comprar um suplemento se não fizer uma avaliação com um médico. Os suplementos ajudam, mas as mulheres são únicas e tem que ser algo individualizado.
Suplementação exige cuidados
O consumo desses produtos exige cautela, pois a falta de desejo pode estar relacionada a uma deficiência vitamínica, ao uso de anticoncepcionais ou antidepressivos, a alterações hormonais ou a um momento difícil na relação e, nessas situações, os suplementos provavelmente não trariam o resultado esperado. Além de dosar as expectativas, é importante ter atenção à forma de uso.
— É necessário acompanhamento médico para ajustar a dose, escolher a melhor via de administração e selecionar os ativos mais adequados para cada caso. A maca peruana, que é muito popular para a libido feminina, pode causar distensão abdominal, gases e desconforto, dependendo da sensibilidade intestinal da paciente — pontua Luciara.
Além disso, a especialista aconselha que as pacientes fiquem atentas à procedência dos produtos. Aqueles que são vendidos na internet podem ser inseguros, sem as informações necessárias sobre a concentração, os compostos presentes na mistura e a origem da matéria-prima. Para ela, a melhor alternativa é encomendar os compostos em uma farmácia de manipulação de confiança.
Daniela, que faz pós-graduação em ginecologia endócrina, reforça que o consumo sem acompanhamento médico apresenta riscos para a saúde das pacientes.
— Todos os suplementos que têm diversas formulações misturadas podem trazer riscos. Por exemplo, algumas pessoas podem ter interação medicamentosa. Às vezes as mulheres tomam hormônios achando que são produtos naturais. E isso pode não ser adequado para o contexto de saúde daquela mulher, que talvez tenha contraindicações específicas — pondera.
Especialistas recomendam que, diante da queixa, a mulher procure um ginecologista e tenha uma conversa franca sobre o que pode estar interferindo no desejo. A partir desse olhar mais amplo, é possível investigar causas físicas ou emocionais e buscar alternativas que vão além dos suplementos, como ajustes hormonais, de rotina e, até mesmo, novas formas de se conectar com o próprio corpo e com o parceiro.
Fonte: Zero Hora/Revista Donna/Yasmin Girardi em 18/11/2025