DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA PODE SALVAR VIDAS
Doença atingiu mais de 3,7 mil mulheres gaúchas em 2024, segundo o Inca
Em 2024, mais de 20 mil brasileiras perderam a vida em decorrência da doença.
Entre todos os tipos de câncer, o de mama é o que mais mata mulheres no Brasil. Somente em 2024, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 20.165 brasileiras perderam a vida em decorrência da doença. No Rio Grande do Sul, foram 1.536 óbitos registrados. O Sul, ao lado do Sudeste, figura entre as regiões com maior incidência. Apenas no Estado, 3.720 novos casos foram identificados no último ano. O relatório Controle do Câncer de Mama no Brasil: Dados e Números 2025 estima que, em 2025, o país deve ultrapassar 73 mil novos diagnósticos.
O câncer de mama pode ter ou não origem genética. A médica mastologista cooperada da Unimed Porto Alegre Bianca Seitenfus explica que apenas 5% a 10% dos casos têm herança hereditária. A maioria dos diagnósticos está relacionado a fatores externos, como estilo de vida.
— O principal fator de risco é o sobrepeso ou a obesidade, além do consumo de álcool e do sedentarismo. A boa notícia é que esses aspectos são modificáveis. Já fatores como o envelhecimento celular não podem ser evitados, por isso o risco aumenta após os 50 anos — afirma.
Atenção aos sinais do corpo
Embora encontrar um nódulo na mama cause apreensão nas mulheres, nem sempre a lesão é sinal de câncer. Em alguns caos, a alteração é benigna. Ainda assim, médicos alertam que todo nódulo deve ser avaliado, pois o câncer de mama também pode se apresentar dessa forma. O diagnóstico precoce continua sendo o principal aliado para garantir boas chances de tratamento e cura.
A campanha mundial Outubro Rosa reforça a importância da conscientização sobre a doença e incentiva mulheres de todo o mundo a ficarem atentas aos sinais do próprio corpo. A médica mastologista cooperada da Unimed Porto Alegre Michela Marczyk ressalta que o autoexame e os exames de imagem são fundamentais para a detecção precoce.
— A mamografia, especialmente após os 40 anos, reduz a mortalidade em mais de 35%. É o único exame capaz de identificar lesões muito pequenas — às vezes menores que um centímetro — ou microcalcificações que podem indicar o câncer ou alterações pré-carcerígenas — explica.
Tratamento
A confirmação do diagnóstico provoca um impacto emocional imediato e gera dúvidas sobre o tratamento, a rotina e o futuro. Nessa etapa, informação de qualidade, acompanhamento médico constante e uma rede de apoio sólida são fundamentais. Manter hábitos saudáveis, buscar equilíbrio na rotina e contar com suporte psicológico ajudam a preservar o bem-estar e fortalecem a confiança da paciente.
Outra etapa importante é a definição do tratamento, realizada com base em exames específicos. Segundo Michela, a imunohistoquímica — análise das células a partir do material da biópsia — funciona como o “CPF da lesão”, determinando o tipo de tumor e orientando a conduta médica.
A abordagem deve envolver diferentes profissionais e pode combinar cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou terapia-alvo — que utiliza medicamentos para atacar diretamente as células cancerígenas.
— Para pacientes que seguem o tratamento, a chance de cura é de cerca de 95%. Depois, recomendamos pelo menos cinco anos de acompanhamento — reforça Bianca.
Hora da virada
A jornalista e empresária Eduarda Streb foi diagnosticada com câncer de mama aos 48 anos, em 2021. Vinda de uma família com histórico da doença, ela descobriu o câncer durante uma consulta de rotina.
— Eu tinha uma vida ativa, praticava esportes, nunca fui sedentária. E, de repente, veio o diagnóstico. Mas sempre estive em dia com os exames, e isso me salvou — relembra.
Contar para a família foi um dos momentos mais difíceis, especialmente para a filha, que tinha 11 anos na época. Com apoio familiar, Eduarda recorda que enfrentou um tratamento intenso.
— Retirei a mama esquerda, fiz quimioterapia e usei a touca gelada para amenizar a queda dos fios. Também passei por terapia alvo, com 18 aplicações. Mesmo já curada, seguirei tomando medicação por 10 anos — relata.
Hoje, ela compartilha sua trajetória nas redes sociais para inspirar outras mulheres. Para Eduarda, a “hora da virada” vai além do diagnóstico: é sobre redescobrir forças, buscar informação e criar uma rede de apoio.
— Façam os exames preventivos, se priorizem e não se deixem para depois. Temos médicos muito capacitados no Rio Grande do Sul e recursos que fazem a diferença. Acreditem na hora da virada — conclui a jornalista.
Atenção aos sintomas
O autoexame é uma das formas mais conhecidas para detecção de um possível nódulo. No entanto, existem outros sintomas que podem significar um diagnóstico de câncer de mama, como:
Fonte: Ministério da Saúde
Previna-se
Embora existam fatores hereditários associados ao câncer de mama, a maioria dos fatores de risco pode ser modificada. Adotar um estilo de vida saudável é uma das formas mais eficazes de prevenção.
Confira as recomendações:
Fonte: Inca/Zero Hora/Pâmela Maidana em 18/10/2025