
EXISTE UMA NOVA MULHER DE 50, 60, 70, 80 ANOS, DIZ PATRICIA PARENZA, IDEALIZADORA DA BALADA 50+ QUE LOTA BOATES BRASIL AFORA
O Paralelas podcast desta semana traz uma entrevista especial com a jornalista, empresária e influenciadora gaúcha que tem como lema "envelhecer sem pirar"
A convidada do Paralelas podcast da última semana foi Patricia Parenza, idealizadora da Gudinaite, a balada voltada ao público 50+ que tem lotado casas noturnas em Porto Alegre e nas principais capitais brasileiras.
Patricia é um fenômeno: mudou de carreira aos 50, quando decidiu virar DJ e criar a festa. Além disso, brilha como influenciadora (são 380 mil seguidores) cujo lema é "envelhecer sem pirar". Ela fala de menopausa e maturidade como deve ser, sem preconceito.
A entrevista para o Paralelas foi gravada no Press do Cais, no Cais Embarcadero, e foi um baita papo, sob medida para as mulheres, mas também voltado aos homens. Falamos sobre a Gudinaite, a transformação feminina, o papel dos homens, a coragem de tentar algo novo no "segundo tempo" da vida, relacionamentos e muito mais.
Veja a íntegra aqui
https://www.youtube.com/watch?v=2auVMs7VFI0&t=12s
A seguir, leia um trecho da entrevista, só para dar um gostinho.
Como surgiu a Gudinaite?
Em 2024, recebi um vídeo de uma DJ de 82 anos, de Estocolmo. Gloria Madeleine. O Diego, meu sócio na Gudinaite, recebeu o vídeo também. A Madeleine faz essa festa das 18h às 23h, e quem vai tem de apresentar a identidade para entrar. Tem de ser maior de 50 anos. Eu e o Diego vimos aquilo e, em dois meses, a nossa festa estava feita.
Tu nunca tinhas sido DJ?
Nunca, nada, nada. Foi assim: eu peguei esse vídeo da Madeleine, traduzi para o português e postei na minha rede. Deu 4 milhões de visualizações. O Estadão viu e fez matéria. Ela ficou famosa no Brasil por minha causa. Aí nós ficamos amigas. Descobri que ela morou 15 anos no Rio. Virou minha madrinha e fui em frente.
E como tu aprendeu a ser DJ?
Chamei o Piá, DJ maravilhoso de Porto Alegre, que é produtor e especializado em hip-hop. Eu adoro, porque amo black music. Aí eu disse, cara, tu vai ter de me ensinar a mexer nisso aqui, a ligar, a conseguir colocar as músicas, a fazer o básico.
Teve aulas?
Sim, na minha casa. Ele levou todo o equipamento, caixas de som, tudo, e ficou lá uma semana. Foram horas por dia, quase surtei! A menopausa mexe com a capacidade cognitiva da gente. Não me considero uma DJ, mas me sinto realizada com o que aprendi a fazer.
E a trilha sonora da festa?
Optei por tocar só disco music que é o som da minha vida, porque cresci ouvindo minhas irmãs se arrumando ao som dos LPs para ir dançar nos clubes em Caxias do Sul. São músicas afetivas para mim. Toco também alguma coisa nacional, tipo Tim Maia, Rita Lee, Blitz. Já o Diego ama anos 80. A gente só toca hits.
O que explica o sucesso da Gudinaite?
Vários fatores. Primeiro: eu já tinha esse público me seguindo nas redes, onde falo de envelhecer sem pirar e de menopausa, que antes era tabu. E eu já postava, todas as noites, clipes tipo Macho Man, Chic & Sister Sledge, e escrevia “gudinaite”, assim, aportuguesado mesmo. Já existia o nome. Quando a gente começou a festa, tinha 270 mil pessoas da minha rede urrando por aquele momento.
O público 50+ não se identificava mais com as boates? Não ia mais dançar?
Não ia. Não ia à meia-noite, que é quando as boates funcionam. Também não se identificava com o Clube da Saudade, que é para dançar juntinho. A gente trouxe de volta a balada vibrante, potente. São quatro horas de pista, começando às seis da tarde, e as pessoas saem molhadas de tanto dançar.
A maioria é formada por mulheres?
Sim. Eu digo: "Vamos lá, vamos ser donas do nosso nariz. Tu não precisa de um homem para te validar. Tu pode se divertir sozinha." Homem com 50, 60 anos não sai para dançar. Eles vão com as mulheres. Elas vão para a pista, e eles ficam de canto. São raros os homens na pista. A mulher vibra mais, canta, se joga. O homem solteiro de 50, 60 anos não sei onde vai. Não descobri ainda.
O que há com os homens?
Existe uma nova mulher de 50, uma nova mulher de 60, 70, 80 anos. E não existe um novo homem de 50, de 60. Continua sendo aquele mesmo homem. E ele não está conseguindo acompanhar.
Fonte: Zero Hora/Juliana Bublitz em 10/11/2025